29 de mar. de 2013

Lista de Óbitos do veleiro Urania. Colônia de Nova Friburgo (1819).






 Retiramos a presente relação da Comunidade https://www.facebook.com/ImigracaoSuicaNoBrasil1819
Administrada por Henrique Bon.
Abaixo reproduzimos texto de sua autoria.



O nome Urania, uma provável evocação a musa da astronomia e da geometria, possui, atravessando os tempos, o condão de revolver no imaginário dos que hoje compartilham sua herança, uma espécie de tardio luto. Na verdade, pouco se conhece sobre o barco de 600 toneladas e bandeira hamburguesa, que deixaria o porto de S. Gravendeel em 12 de setembro de 1819 com 437 imigrantes a bordo, semeando por todo o trajeto mais de uma centena de corpos. Em meio aos funerais, porém, não singraria o barco a salvo de outras vicissitudes e após driblar o destino do Camillus por pouco escapando de encalhar na Mancha, terá o mastaréu da gávea partido durante tempestade, na madrugada de 20 de setembro , acidente não de todo incomum, a se considerar os casos do Debby Elisa e do Heureux-Voyage.
Classificado, segundo o jargão náutico da época, como um “vaso de quarta categoria por analogia”, fora tal navio lançado ao mar em torno de 1785 , destinado ao transporte de cargas. Entre a flotilha que singrou o mar do norte naquele outono do hemisfério setentrional, rumo ao Brasil, era ele um dos maiores barcos, brigue de três mastros no qual o da mezena e o “grand mât” atingiam a quase 50 metros. De qualquer forma, suas medidas não chegariam a impressionar, permanecendo na memória mais que dimensões, o doloroso saldo de 1,34 óbito por dia de viagem, o que vale dizer ao fim da jornada, o desaparecimento de um em cada quatro imigrantes.
Fiel a seu destino, há indícios de que tenha este navio sido utilizado no tráfico negreiro. De fato um barco homônimo seria apresado pela armada britânica na terceira década do XIX e transferido a marinha brasileira. Deste, uma última notícia documental o assinala em prosaica viagem pelo litoral norte do Rio de Janeiro em 1847, a confortar Pedro II em uma incursão a Macaé . (Henrique Bon)

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